A Rússia e a Copa: uma vitrine para o mundo

Posted on 26 de junho de 2018

Pare um segundo do seu dia e sente-se perto da televisão. Não importa o horário, a programação ou mesmo o canal, arrisco a dizer que é praticamente impossível não haver, na transmissão, uma mísera nota relacionada à Copa do Mundo. Ainda que os jogos não estejam sendo transmitidos em todas as emissoras, o torneio de futebol mais famoso do mundo e seu país sede estão por todos os lugares. Mas, afinal, quem é a Rússia? E o que nós sabemos sobre ela?

A Rússia é um país com uma história conturbada e cheia de reviravoltas. Suas raízes estão fincadas no povo eslavo, exímios agricultores, criadores de abelhas, e caçadores, pescadores e pastores. Graças a estas habilidades, o povo eslavo prosperou e já no século VI, se posicionavam como o grupo étnico predominante na planície do leste europeu. O país, então, se solidificou como a Rússia de Quieve. Em 1547, começa o czarado russo, pelas mãos do grão-duque Ivã IV, conhecido como O Terrível. Quase dois séculos depois, em 1721, a Rússia foi proclamada um Império e adquiriu o status de potência, abrindo-se, pela primeira vez, às influências culturais da Europa Ocidental.

Apesar de ter se tornado uma grande e respeitada nação, com poderio militar sublime, o Império Russo sofria com inúmeras crises internas:  a desconfiança da população com o regime imperial, os custos com a Primeira Grande Guerra e os rumores de corrupção e traição. Além disso, a desigualdade social assolava o país. Esses fatores, combinados, culminaram na deterioração da economia do país e num cenário favorável para a emergência dos Sovietes e do Partido Operário. Em 1917, acontece a famosa Revolução Russa, que encerrou o regime imperial no país e deu início à Guerra Civil Russa, que arrasou ainda mais a economia e a produção agrícola e industrial do país.

Sob o Governo Operário de Lenin, em dezembro de 1922, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). Nesse contexto, encontrava-se o Partido Comunista, que controlava o poder da URSS e detinha o poder sob órgãos estatais, que mantinha sob forte vigilância, fazendo uso de uma censura extrema. Os países da URSS sofreram com anos de estagnação econômica. Nos anos 1980, Mikhail Gorbachev fez uma tentativa ousada de tirar a URSS do esquecimento, introduzindo as políticas da glasnost e da perestroika. O plano fracassado de Gorbachev gerou revolta e alimentou sentimentos nacionalistas e separatistas. Em 1991, o líder russo renunciou e União Soviética se dissolveu. Surgia, assim, o esboço da Rússia como a conhecemos – ou estamos conhecendo – hoje.

Anos depois dos conturbados anos pós-Revolução, a Federação Russa é a décima segunda maior economia do mundo por PIB nominal e a sexta maior em paridade do poder de compra, possuindo um dos maiores arsenais militares do globo (incluindo o maior arsenal de armas de destruição em massa do planeta). O país, inclusive, é parceiro do Brasil no grupo político BRICS. A cultura russa é reconhecida internacionalmente por suas tradições e excelência nas artes e nas ciências.

Neste ano, os olhos de todo o mundo estão voltados para o país. O resultado? A Rússia impressiona, em todos os sentidos. As cidades-sede da Copa do Mundo, como Moscou, São Petersburgo, Kazan e Sochi dão show: estádios já prontos e utilizados na Copa das Confederações, programação turística e transporte público de ponta.

Os últimos acontecimentos envolvendo um dos principais protagonistas do cenário socialista mundial – a Rússia – mostrou um país que teve sua estrutura política administrativa totalmente esfacelada em 1991 e que hoje, menos de 30 anos depois, se mostra para o mundo como um país recuperado, praticando uma economia de mercado, composta por uma sociedade civil organizada e sediando um dos principais torneios esportivos do Globo: a Copa do Mundo de Futebol. Não poderíamos nós, brasileiros, tomar esta grande Nação como um exemplo? Apesar de sua democracia jovem e de seu passado conturbado, a Rússia soube se reerguer e bater de frente com outras grandes economias como os Estados Unidos e os países da União Europeia.

Pensando estrategicamente, é inegável que povo brasileiro está, em paráfrase ao nosso hino nacional, “deitado eternamente em berço esplêndido”. Mesmo com todas as riquezas naturais e perspectivas favoráveis que possuímos, nos encontramos estagnados e afundados na corrupção, assim como nossos compadres russos estiveram há anos…

 


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