O BRASIL ESTÁ ACOSTUMADO A PLANEJAR O SEU FUTURO?

Posted on 4 de janeiro de 2023

Engraçado como hoje a política não é “pensada”. Parece não haver propósito, objetivo, causa, estratégia, planejamento, nem meta, a não ser a de fazer dinheiro ou ganhá-lo, às custas do povo. 

Mas como alcançar um dos maiores e mais difíceis objetivos do mundo, sem se preparar dos pés à cabeça para isso? Governar, atendendo à necessidade de todos, fazendo com que este país saia do buraco em que se encontra, é quase impossível, se não forem pensados todos os detalhes. 

E é aí que mora o grande erro. Não há estratégia. Não há planejamento. Não há inteligência sendo usada a favor de muitos, mas sim uma esperteza utilizada em prol de poucos. 

Mas muitas pessoas veem planejamento político como uma questão de fazer planos, delegar responsabilidades, definir leis e determinar o orçamento.

Tornou-se comum dizer que há uma polarização pela disputa política e de valores, e isto é um fato, mas vale lembrar que o que vivemos hoje têm raízes estruturais e históricas, a exemplo dos genocídios e escravizações das populações negras e indígenas, além dos regimes ditatoriais no decorrer de nossa história. Estes períodos de violações graves aos Direitos Humanos, que não foram reconhecidos, compreendidos e reparados social, político e economicamente, nos marcam profundamente até hoje. Implicando na naturalização e no aumento de práticas de ódio e violência. No contexto atual com o crescimento do uso da internet, que escancara as desigualdades e contradições, impondo novos desafios e reforçando a necessidade de reconstruir narrativas, observamos discursos contrários aos nossos direitos, ganharem ainda mais voz.

Ser e agir politicamente de forma planejada não se restringe ao voto ou a participar de estruturas partidárias e governamentais. Entender e se apoderar dos mecanismos políticos e institucionais do país é necessário para usá-los a nosso favor. Atuarmos mais ativamente da vida social, sendo protagonistas em relação aos próprios direitos da nossa comunidade, significa fazer política, compreendendo os problemas que nos afetam direta e indiretamente, seja no âmbito pessoal, coletivo ou institucional. Somos todos seres políticos, todas as nossas ações são políticas. Cada vez que um direito coletivo ou individual é violado e não garantido, temos a obrigação de atuar no cumprimento deste, para a defesa e justiça em um mundo que é comum a todos, caso contrário, a injustiça sempre prevalecerá.

Parece que hoje temos mais pessoas falando do que dispostas a ouvir. Um aspecto grave das interações sociais, atualmente, é a disposição prévia para um confronto, ao invés de um diálogo. Para conversar com alguém é imprescindível, antes e durante, entender o contexto de vida, o lugar de fala e as experiências de quem escutamos. Respeitar a fala é ouvir com abertura para a compreensão, e não para o ataque. Trocas acontecem mesmo quando divergências se mantêm e, quando aceitamos isso, possibilitamos que convergências possam nascer.

No Brasil, especialmente em nível federal, o planejamento ainda é visto como uma coisa quase que estritamente tecnicista, dominada apenas por economistas e burocratas.  

Mas a verdade é o oposto. O planejamento estratégico tem que ser o primogênito dos projetos. Deve acontecer antes mesmo que uma candidatura política seja lançada. 

Reflitam: Quando o assunto é candidatura e eleições, a necessidade desse planejamento se faz ainda maior.  Afinal, como é possível que uma população eleja um representante por quatro longos anos, sem entender e confiar também as suas riquezas à equipe que irá apoiá-lo nesses meses desafiadores? 

Aliás, eleger um presidente, por exemplo, sem levar em consideração a sua equipe, foi um erro que cometemos em inúmeras vezes, e agora não há como repará-lo, nem se quisermos.  

É fato que um time de futebol não ganha se apenas seu artilheiro entrar em campo. E é normal que, em plena copa do mundo, nós torcedores, estejamos interessadíssimos na escalação completa da seleção. Palpitamos em quem deve ser convocado. Discutimos quem é o melhor para aquela vaga. 

O que difere essa situação, entre o maior campeonato de futebol do universo e as eleições, senão a seriedade e o futuro de uma nação em cheque? 

Precisamos encarar a realidade. Quando vamos votar, as chapas e partidos, ao não planejarem suas equipes, estão nos fazendo usar vendas escuras nos olhos, no momento de registrar nossas escolhas na urna eletrônica. 

Vamos pensar estrategicamente: Ao eleger o mais alto cargo do Brasil, precisamos estar cientes do nome que será responsável pela justiça no país. Precisamos ter a certeza de que o escolhido para orquestrar a saúde seja alguém completamente competente para ocupar este cargo. Deveríamos exigir, e saber quem será o maestro da economia brasileira. E assim por diante. Como diria o ditado: Uma Andorinha não faz verão, assim como um presidente não faz mágica.  Ao contrário do que nos conta o horário político brasileiro, em época de campanha. Nesse novo contexto, se delineia a necessidade não só da reforma da administração pública, mas a reforma na maneira como elegemos aqueles que nos representam em Brasília. 

O planejamento, tão necessário, é um termo muito conhecido e pouco utilizado em sua essência.  Tal qual em uma guerra, é fundamental conhecer profundamente do terreno, suas potencialidades e as adversidades do dia a dia. A qualidade das informações que serão analisadas é determinante para a definição de um planejamento adequado.  

Planejar e conhecer, é evitar a ida da vaca para o brejo. Devemos nortear nossas escolhas para aqueles candidatos que antecipadamente apresentem a melhor proposta, que seja implantada para evitar a repetição de episódios ocorridos com o Brasil em épocas recentes, em que o discurso populista veio como um canto de sereia, iludindo a todos, mas na verdade, não se implementou. 


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