ECONOMIA BRASILEIRA E AS RESERVAS CAMBIAIS
Posted on 24 de agosto de 2022
É muito comum ouvir falar sobre reservas cambiais ou reservas internacionais quando o assunto é a economia. Entender o que são reservas cambiais e como elas impactam o dia a dia do país, ajudará a ter uma melhor percepção da dinâmica do cenário econômico do país, e qual sua influência mundial.
O assunto é importante porque, ele interfere tanto na vida das pessoas físicas quanto no funcionamento das pessoas jurídicas, influenciando os preços dos produtos e serviços e interferindo na dinâmica do mercado em geral.
As reservas cambiais são os ativos do Brasil em moeda estrangeira e funcionam como uma espécie de seguro para o país fazer frente às suas obrigações no exterior.
No caso brasileiro, que adota o regime de câmbio flutuante, esse colchão de segurança ajuda a manter a funcionalidade do mercado de câmbio de forma a atenuar oscilações bruscas da moeda local – o real – perante o dólar. Elas acabam servindo como um seguro relacionado à dívida externa do país. Assim, quanto melhores forem essas reservas, mais confiança o investidor estrangeiro terá em trazer recursos para o Brasil.
Outro aspecto que devemos ressaltar é que elas contribuem para minimizar os impactos econômicos devido a períodos de crises, proveniente de: exportações em queda; redução nos investimentos; moeda em desvalorização, dentre outros.
As reservas, administradas pelo Banco Central (BC), são compostas principalmente por títulos, depósitos em moedas (dólar, euro, libra esterlina, iene, dólar canadense e dólar australiano), direitos especiais de saque junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), depósitos no Banco de Compensações Internacionais (BIS), ouro, entre outros ativos. Como podemos verificar, sua composição é bastante diversificada.
A alocação dessas reservas cambiais obedece à seguinte premissa – segurança – liquidez – rentabilidade, nessa ordem, sendo sua política de investimentos definida pela Diretoria Colegiada do BC.
As reservas cambiais exercem papel importante na entrada de novos investimentos no nosso país. Grandes empresas poderão ter mais confiança em destinar seus recursos para aplicar no país, refletindo na geração de emprego e na melhoria das nossas finanças internas.
Vale ressaltar que a entrada de moeda estrangeira contribui para a valorização da moeda nacional, tendo impacto no mercado de câmbio, na inflação e, por consequência, na economia de um modo geral.
Vamos refletir: … fica fácil perceber a importância dessas reservas serem administradas da maneira adequada. Descuidos que comprometam o seu equilíbrio podem fazer com que a nação tenha crises sem precedentes!
A grande quantidade de reservas cambiais acumulada pelo Brasil a partir de meados da década de 2000 foi essencial para que o país pudesse resistir às turbulências financeiras internacionais (2008) e nacionais (2015). Desde então, surgiu, nos últimos anos, uma discussão que vem extrapolando a academia e se tornando tema de debate público e eleitoral, onde o tema central é como fazer mais com as reservas cambiais em benefício do país.
De modo geral, questiona-se se não seria possível o Brasil utilizar uma parte dessas reservas de forma mais proativa. Uma possibilidade, muito utilizada por outros países com grandes reservas, seria a criação de um fundo soberano, por meio do qual usaria parte dessas reservas para investimentos com maior rendimento e financiamento de projetos em prol do desenvolvimento nacional.
Antes de discutirem-se os méritos desta proposta, convém entender melhor o que são as reservas cambiais e o que constituem esses fundos soberanos.
As reservas cambiais consistem em um estoque de moedas estrangeiras acumuladas pelo BC, que varia conforme os resultados do balanço das contas externas brasileiras. Segundo dados do BC, essas reservas na última sexta (19) estavam avaliadas em 341.900 US$ (milhões).
Pensando estrategicamente: … podemos concluir o quão importante são as reservas cambiais administradas por um fundo que opera sob rígidas regras para garantir o sucesso do fundo. Um exemplo é que não é permitido gastar nenhum centavo do capital, apenas de seus rendimentos.
Um fundo soberano pode operar com ações em bolsas de valores ou por meio da realização de financiamento de projetos no exterior que são de interesse estratégico para a inserção internacional do país ou para oferecer crédito a empresas nacionais que almejam se internacionalizar.
Outra forma de contribuir para a internacionalização de empresas brasileiras seria por meio da criação de uma linha de financiamento em dólares, como já existiu pelo BNDES, visando melhorar a capacidade exportadora e posição nas cadeias globais de valor.
Os rendimentos do Fundo Soberano Brasileiro obtidos com os investimentos em dólares no exterior, enfatizamos que os investimentos propostos resultariam em retornos financeiros maiores que os juros dos títulos da dívida pública dos EUA, que poderiam ser então reinternalizados na economia brasileira em gastos não correntes.
Isso significa que esses recursos, convertidos em reais, seriam destinados a programas, políticas e projetos específicos de desenvolvimento social para os brasileiros.
A questão principal: é possível combinar um uso muito mais estratégico e proativo de parte das reservas internacionais com a recriação do Fundo Soberano do Brasil.
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