Tolerância: o caminho para a democracia
Posted on 22 de setembro de 2018
Já comentamos por aqui os perigos da postura do “nós contra eles” e do maniqueísmo político que tem imperado na sociedade brasileira desde as Eleições de 2014. Com a aproximação das Eleições de 2018, experimentamos uma potencialização ainda mais intensa deste cenário, o que pode agravar ainda mais nossos prospectos para os próximos anos. Para construirmos uma sociedade civil organizada e capaz de fiscalizar e cobrar nossos representantes nos próximos quatro anos, urge que comecemos a pregar e exercitar a tolerância.
Derivada do latim “tolerare”, que significa “suportar” ou “aceitar”, a tolerância é o ato de agir com condescendência e aceitação perante algo que não se quer ou que não se pode impedir. Em outras palavras, trata-se de uma atitude fundamental para a convivência em sociedade, afinal, ela é composta por uma infinidade de indivíduos com opiniões, credos, etnias e comportamentos variados. Logo, para que a paz e o respeito comum imperem, a tolerância se faz necessária.
Ela também é importante porque, por meio dela, nos tornamos pessoas mais empáticas, ou seja, mais capazes de compreendermos os problemas e mazelas de diferentes camadas da sociedade e aplicando esforços para solucioná-los como se fossem comuns a todos nós. Além disso, a tolerância aumenta nossa capacidade de diálogo, transformando as confusões e conflitos típicos das épocas eleitorais em espaços de conversa e contrapontos, que facilitam a chegada de um consenso e são catalisadores de uma sociedade unida e comprometida com o bem comum.
A tolerância é tão importante que a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu uma data para promover o combate à intolerância e da não aceitação das diversidades: O Dia Internacional da Tolerância é celebrado em 16 de novembro. A preocupação da ONU também deveria ser a de todos nós, pois vivemos em um mundo tomado pelo ódio às diferenças, não apenas no que cabe às ideologias políticas, mas também em relação às culturas, etnias, religiões, classes socioeconômicas e nacionalidades. O diferente é visto como uma ameaça por todos os grupos que vivem em isolamento ou que se colocam em um lugar de superioridade em relação aos demais.
Precisamos colocar a tolerância em tudo aquilo que fazemos, desde nossos menores atos até aqueles que podem afetar terceiros. Nossa sociedade, nosso planeta precisa disso. Vivemos em uma era de extremos, onde o ódio está disseminado em todas as nossas interações sociais, e o mundo está precisando cada vez mais de pessoas que pregam o amor e a tolerância para amenizar os efeitos deste ódio, que já podem ser sentidos até mesmo em uma simples conversa de boteco. A convivência estre os seres humanos pode ser muito difícil, e o exercício da tolerância não é dos mais fáceis, mas com algumas doses de compreensão e paciência, tudo acaba ficando mais fácil.
E eu garanto que você vai sentir a diferença: ser uma pessoa mais empática e aceitar verdadeiramente as diferenças das pessoas pode fazer com que você encontre a paz que tanto procura. Já imaginou um mundo em que você não precise brigar com seus amigos, parentes e até mesmo com seu companheiro(a) por diferenças ideológicas? Ou por futebol? Ou por religião?
Pensando estrategicamente, a jovem nação brasileira viveu e vive momentos conturbados na construção da sua história. Para que possamos nos estabilizar enquanto Nação, nossa sociedade civil precisa aprender a tolerância. Ou seja: é necessário admitirmos que “tolerar” é primeiramente reconhecer a liberdade de “existir” do “outro”, desse “outro” ser diferente na maneira de agir, pensar, crer, amar, se relacionar, enfim a liberdade incondicional de “ser”.
Em tempos de uma crise institucional que reflete na economia e na sociedade de maneira intensa, a postura do “nós contra eles”, da intolerância e do ódio não nos levará a lugar algum. O Brasil precisa ser mais tolerante com suas diferenças, só assim seremos capazes de solidificar nossa tão surrada e instável democracia. É claro que a tolerância, sozinha, não é um ingrediente mágico que resolverá todos os problemas do nosso país. Outros valores precisam estar de mãos dadas com ela: a solidariedade, a justiça, a empatia e a transparência. Mas a tolerância é, de fato, o caminho mais eficaz para a construção da democracia e de um país mais justo para todos.
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