As fusões e aquisições nas empresas familiares

Posted on 15 de fevereiro de 2018

As fusões e aquisições são operações econômicas recorrentes no cenário empresarial. Enquanto a primeira reside no agrupamento de duas ou mais empresas originando uma nova, a segunda consiste na compra de uma empresa, muitas vezes de menor porte ou que está passando por dificuldades financeiras, por outra. Em ambos os processos ocorre uma integração de operações, organização, estratégia e controle do capital.

O processo de operações das fusões e aquisições no Brasil está em destaque, como é natural nos períodos de crise. Alguns negócios, seja por azar ou por incompetência de seus gestores, acabam por ceder, abrindo espaço para que empresas de maior porte e faturamento ampliem ainda mais sua área de atuação por meio da aquisição. No mesmo cenário, algumas empresas menores, startups ou que estejam atravessando dificuldades financeiras acabam se fundindo, juntando suas forças e tornando-se uma só empresa. Seja como for, o fenômeno da consolidação de empresas e negócios em vários setores se baseia nas fusões e aquisições e têm sido adotadas como estratégia de crescimento ou gestão de crise.

Outro fator determinante no aumento dos fenômenos de fusões e aquisições no cenário empresarial do país – e por que não dizer, do mundo – é a presença cada vez maior e mais voraz da competitividade. Em um mundo onde o mercado é praticamente uma instituição financeira onisciente e onipresente, cada vez mais empresas se lançam neste cenário. Com essa enorme variedade de negócios, é evidente que, em alguns momentos, duas empresas podem acabar disputando um mesmo público-alvo, a mesma fonte de renda ou um mesmo tipo de serviço. E isto acaba deixando as coisas um pouco mais “quentes”, fazendo com que os fenômenos aqui citados apareçam como estratégias para minar a concorrência. Isso aconteceu recentemente no Brasil com a transnacional Coca-Cola Company, que adquiriu a empresa fabricante do Guaraná Jesus, uma vez que a empresa, ainda que local e de porte infinitamente menor ao da Coca Cola, estava prejudicando as vendas dos refrigerantes da marca em certas localidades do Brasil.

Outro exemplo que tem ocorrido com muita intensidade é a consolidação no setor de Educação. A Kroton, por exemplo, tem realizado operações de fusão e compra de pequenos e médios empreendimentos do setor de educação superior, buscado atrair negócios que estejam em regiões polos em que a empresa ainda não atua.

Ultimamente temos presenciado discussões entre a Boeing e Embraer, que negociam uma fusão entre os dois negócios. A fusão entre as empresas cria um novo negócio de proporção global no setor da aviação, consolidando a atuação nos segmentos de longa distância e na aviação regional, podendo dessa forma fazer frente a uma união similar entre as concorrentes Airbus e Bombardier.

Neste contexto, análises têm sido realizadas com a finalidade de mapear e compreender esses movimentos econômicos, e a partir daí entender e destacar as estratégias de crescimento como instrumento de fomento ao surgimento das companhias de capital aberto no mercado brasileiro. Temos que ressaltar, ainda, que a grande maioria das empresas são de origem familiar. Os grandes conglomerados empresariais, como por exemplo no mercado da Comunicação, são dominados por empresas familiares. Quando alinhadas todas essas condições, desenha-se um cenário onde os negócios de famílias que não planejam suas tomadas de decisão e suas linhas sucessórias tem sua vida útil no mercado cada vez mais instáveis e reduzidas. É como diz o velho ditado: “Avô rico, pai nobre e neto pobre”.

Para que essas empresas não encarem seu derradeiro fim em um mercado dominado por grandes corporações, é preciso que os participantes comecem a pensar estrategicamente. É necessário definir novos modelos comportamentais que direcionem a administração dessas empresas, só assim elas podem ser transferidas às próximas gerações, pois representam a imagem que a companhia transmite frente ao mercado.

O mundo das empresas familiares vive um grande paradoxo em meio aos crescentes fenômenos de fusões e aquisições: sem um bom planejamento estratégico, os negócios têm fortes chances de desabarem em momentos de crise, como a morte de um fundador, uma grande crise nacional, escândalos midiáticos, etc.

Você conhece alguma história com o mesmo final?


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