As dicas dos criadores da cervejaria Eisenbahn para um negócio familiar
Posted on 13 de março de 2017
Construir uma empresa com irmãos, pais ou parentes é algo que assusta muita gente. Não são poucos os que tentam e não conseguem. Para piorar, acabam brigando e até mesmo cortando relações. Aí, o prejuízo ultrapassa os limites do trabalho e atinge a vida pessoal.
Foi o pai quem nos puxou, desde cedo, para nos tornarmos parceiros de negócios. Ele precisava de gente para empreender com ele e nada melhor que contar com os filhos, na época recém-formados em Administração, para fazer as coisas acontecerem.
Antes de resolvermos fundar uma fábrica de cervejas especiais, em 2002, já tínhamos criado juntos uma empresa de sistemas de segurança no trânsito. Depois da Eisenbahn, fundamos o The Basement, nosso gastropub, e agora estamos juntos no projeto da Laticínios Pomerode. Sempre os três, juntos.
Temos afinidade de gostos e personalidades complementares. Nosso pai é um experiente engenheiro que também sabe vender. E nas áreas onde um de nós não se dá bem, o outro se sente em casa.
Mas o que faz de fato a nossa parceria familiar funcionar? Alguns pontos-chave:
SEJAM SÓCIOS
Nosso pai nunca foi um centralizador e sempre soube nos deixar com nossas responsabilidades, confiando no nosso trabalho e criticando, sugerindo na hora em que era necessário. Ele sempre nos tratou como sócios da empresa (não apenas na teoria, mas no papel também). Sabíamos qual era o nosso papel, e que tínhamos voz para opinar sobre os rumos dos empreendimentos.
NÃO LEVAR TRABALHO PARA CASA
Isso nem sempre é possível, mas tentamos ao máximo não transformar o encontro da família, no fim de semana, em um almoço de negócios.
SEPARAR CONTAS
Muito cuidado para não misturar finanças pessoais com as contas da empresa. É preciso que cada um tenha a sua remuneração bem definida e respeite esses limites.
RESPEITO
É muito comum, em uma empresa familiar, que um dos membros queira dar mais ordens e controlar as ações dos familiares, tratando-os até de maneira autoritária e não profissional. Nos nossos empreendimentos, cada um cuida de sua área. Decisões importantes, é claro, são compartilhadas e discutidas entre todos. Temos tanto respeito por essa divisão de responsabilidades que nunca pensamos em criar um cargo de presidência em nossos negócios.
NÃO ATRAVESSAR DECISÕES
Acontece em toda empresa, mas nas familiares é uma situação que pode ficar mais delicada. É preciso tomar cuidado para não desautorizar seu sócio/irmão/pai diante dos funcionários, contrariando alguma decisão tomada por ele. Essas falhas de sincronia podem gerar efeitos negativos na equipe e comprometer a autoridade dos gestores.
A vantagem de se ter uma empresa familiar é trabalhar com as pessoas que você mais ama, que pode confiar (infelizmente, nem toda família é assim), e crescer junto com elas. Além disso, a agilidade para tomar decisões, como lançar um novo produto, é muito maior do que na chamada “empresa profissional” (e quem disse que uma familiar não pode ser muito profissional?), onde projetos precisam passar pela aprovação de diversas pessoas e equipes. Com a gente, a decisão pode ser tomada em 15 minutos.
Ainda somos a primeira geração, mas quem tem uma empresa familiar deve ficar atento ao momento em que os filhos dos sócios estiverem prontos para entrar no mercado de trabalho. Eles serão aceitos na empresa? Estão preparador para administrá-la? É preciso criar regras. E saber que eles vão ter de provar, para os pais e para os outros funcionários, que estão ali por mérito.
Filhos, irmãos e sócios. Tem funcionado para nós. E você, tem alguma experiência do tipo para compartilhar?
PS: Falando nisso, uma empresa familiar muito legal e inspiradora é a Mast Brothers. São dois irmãos que fabricam chocolates artesanais no Brooklyn (EUA). Esse vídeo dá uma ideia da paixão e comprometimento dos dois com o empreendimento, que cresce a cada ano!
Fonte: http://blogs.pme.estadao.com.br/blog-do-empreendedor/as-dicas-dos-criadores-da-cervejaria-eisenbahn-para-um-negocio-familiar/
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