CONFIANÇA DO MERCADO E OS CONFLITOS ENTRE OS PODERES
Posted on 27 de abril de 2022
Todos os ambientes são passiveis de terem conflitos. Afinal, pessoas são diferentes umas das outras e nem sempre essa troca de opiniões acontece de modo amigável. Isso é completamente normal e deve ser esperado em qualquer ambiente.
Conflito vem do latim “conflictus”, o choque entre duas coisas, embate de pessoas, ou grupos opostos que lutam entre si. Em linhas gerais, um embate entre duas forças contrárias.
De acordo com Ernesto Arthur Berg, consultor em gestão de empresas e pesquisador da área, “o conflito nos tempos atuais é inevitável e sempre evidente”. Ainda segundo o autor, é fundamental para o processo de crescimento compreender e lidar com as divergências.
O que de fato influencia não é o conflito em si, e sim a maneira como ele é gerido. Uma simples discordância pode terminar de modo catastrófico se as pessoas envolvidas não souberem lidar com a situação do modo correto.
Por instinto, tendemos a evitar ao máximo os conflitos e damos à palavra uma conotação frequentemente preconceituosa. Mas essa associação nem sempre é verdadeira: as divergências podem trazer benefícios às atividades empreendidas tanto públicas quanto privadas.
Uma definição interessante vem de Thomas Kilmann em 1992: o conflito começa quando uma das partes entende que a outra a afetou de forma negativa. Esse processo engloba três características: o conflito precisa ser percebido, tem que existir uma interação e tem que haver incompatibilidade entre as partes.
Os conflitos nas organizações acontecem de modo natural, porém existem cenários que os potencializam. As mudanças, que forçam as organizações a adaptarem-se às novas realidades do mercado, podem se apresentar de diversas formas, como estrutural, comportamental e, a mais famosa de uns anos para cá, tecnológica.
Essa alteração no status quo pode ser motivada por mais eficácia, diminuição de custos ou aumento dos lucros, por exemplo. A busca por esse objetivo pode esbarrar em corte de gastos com pessoas e uma série de inseguranças – fatores que são propícios para gerar conflitos. Outro fator muito comum de causa de atritos é o choque entre áreas, em especial quando há metas envolvidas. Infelizmente, muitas organizações ainda pecam na comunicação entre áreas e no planejamento.
No âmbito dos poderes constituídos, não é diferente. Os Conflitos entre os poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário, nos últimos anos vem tomando dimensões gigantescas no Ordenamento Jurídico Brasileiro, surgindo com uma frequência bem maior que outrora, uma vez que situações conflitantes entre os poderes vem tomando grande forma na própria mídia nacional.
Segundo a Constituição Federal de 1988, o estado brasileiro é regido por três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Assegurado em nível de cláusula pétrea, os Três Poderes possuem importância igualitária.
Os conflitos nas relações entre os poderes gera o engessamento das políticas públicas e das respostas necessárias ao desenvolvimento para a sociedade.
Os prejuízos causados pela ingerência, arrogância e prepotência política e/ou judicial, por questões de interesse puramente pessoais, políticos ideológicos, filosóficos ou sociológicos no que se refere aos poderes do Estado, são irreparáveis, ao passo que quanto mais os poderes se digladiam entre si, mais danos poderão ser causados à sociedade. Desse modo, a sociedade é quem sai perdendo com as desmedidas discussões dos poderes, que dessa forma gera uma insegurança jurídica e social.
Vamos refletir: … Quando os poderes constituídos entram em conflitos entre si não só os órgãos de supremacia sentem. Os reflexos são logo externados à sociedade pela insegurança jurídica, por meio de ausência de serviços ou pela prestação deles de forma precária.
A insegurança jurídica aumenta custos, eleva as incertezas e paralisa investimentos. As empresas incorrem em custos de litigância e são obrigadas a fazer provisões para se defender da falta de clareza do comportamento dos poderes.
Para os especialistas, a qualidade da Justiça, por si só, não afasta investimentos no país, mas fatores aliados à lentidão, como, por exemplo, a oscilação da jurisprudência e aos conflitos entre os poderes constituídos, interferem no desejo de se investir no país.
Pensando estrategicamente… As relações entre poderes têm agravado a insegurança jurídica e se transformado em um grave problema de governança, além de abalar a certeza sobre o passado consolidado, a confiança no presente e a legítima expectativa quanto ao futuro e, o que é mais grave, corrói valores indispensáveis à existência e à estabilidade da sociedade.
Ao contrário do que se pensa, os conflitos podem ser muito benéficos para as organizações, sejam elas públicas ou privadas, transformando-se em um grande aliado do crescimento e desenvolvimento das pessoas. O momento está ensinando muito a todos nós, em todos os campos de atuação, e as lições precisam ser assimiladas. Enquanto o Estado precisa tratar da insegurança jurídica, reduzir o peso da burocracia e dos conflitos, conciliando as medidas de proteção social com a recuperação da economia. Reduzir o índice de conflitos nos relacionamentos interpessoais é tendência no mundo globalizado. Com ela, surge uma preocupação em examinar comportamentos, estratégias e aspectos institucionais que empresas e líderes políticos podem se deparar nos seus respectivos campos de atuação. Calcular riscos, ganhar influência e construir alianças tornaram-se meios de atingir objetivos e encontrar soluções viáveis para questões sociais sem o viés dos conflitos político ideológicos.
Got something to say?