Liberdade ainda que tardia
Posted on 16 de julho de 2020
Liberdade ainda que tardia é a tradução mais comumente dada ao dístico em latim “libertas quæ sera tamen”, proposto pelos inconfidentes para marcar a bandeira da república que idealizaram, na Capitania de Minas Gerais, no Brasil do final do século XVIII.
O que tem a ver o título desse artigo com o momento que vivemos no Brasil de hoje? É o que você deve estar se perguntando.
Lá como cá, o que temos é uma briga por interesses políticos. O motivo principal da Inconfidência foi a questão da derrama. Tratava-se de uma operação fiscal realizada pela Coroa portuguesa para cobrar os impostos atrasados. O chamado quinto, como o próprio nome já indica, correspondia à cobrança de 20% ou seja 1/5 sobre toda a quantidade de ouro extraído anualmente. Quando o quinto não era pago, para cobrar esses impostos utilizava-se até mesmo do confisco dos bens dos devedores.
Os líderes da Inconfidência que eram a elite da época, encontravam se endividados com o Erário Português, motivo pelo qual, segundo especialistas, teriam sido compelidos a se envolver na revolta contra a Metrópole. Emblemático, nesse sentido, foi o fato de a eclosão do movimento ter sido agendada justamente para o dia em que se esperava que o governador da Capitania de Minas Gerais, o visconde de Barbacena, ordenasse a cobrança da derrama. Com essa iniciativa esperavam ganhar o apoio da população que não teria nenhum benefício.
Não raro, associada a essa ideia, está a questão da igualdade social – o que seria uma influência direta dos exemplos das revoluções francesa e norte-americana. Embora os inconfidentes falassem de república, é preciso ter em vista que o significado do termo naquele momento estava associado à sua viabilidade num pequeno território, como Minas Gerais, por exemplo – ou, quando muito, incluindo o Rio de Janeiro e São Paulo e o seu resultado beneficiaria exclusivamente a um pequeno grupo da elite Colonial.
Nos dias atuais, o que vemos é uma disputa por outros interesses. Grupos políticos tentam neutralizar as ações dos adversários, lançando mão das mais variadas artimanhas que possam garantir o controle do espaço político e social aos grupos dominantes, representados por suas lideranças.
A sociedade é a grande credora desses desmandos, o mortal comum, raras vezes tira algum proveito dessas armações. Ela, na maioria esmagadora das vezes é chamada para pagar a conta. São milhares de empregos sacrificados, empresas fechando as portas, sonhos interrompidos com o fechamento das escolas, e por aí vai. Para cada semana de distanciamento social por conta do coronavírus, o Produto Interno Bruto (PIB) do país registra uma perda imediata de R$ 20 bilhões, segundo dado divulgado recentemente dentro de um estudo do Ministério da Economia. Em uma nota técnica produzida pela Secretaria de Política Econômica da pasta afirma que uma ampliação do período de restrições eleva as perdas da economia como um todo. A projeção considera que, quanto maior o prazo de isolamento, maior o número de falências e demissões. A medida também amplia o endividamento da sociedade e das empresas, diz a nota.
De acordo com a secretaria, os custos atuais da crise são de tal magnitude que mesmo uma recuperação rápida da atividade pós pandemia não seria suficiente para impedir uma retração da economia em 2020. Como se prolongou, os efeitos econômicos direto e indireto foram acentuados.
Vamos refletir:.. o distanciamento social é uma situação que também pode ocorrer de forma involuntária, por ordem expressa governamental, para evitar a proliferação da doença. Nesse caso, para evitar a disseminação do vírus, o governo decreta que as pessoas evitem aglomerações, suspenda a realização de grandes eventos, e pede que fiquem em casa o máximo possível, mantendo-se uma distância segura umas das outras. No caso dessa recomendação demonstra-se insuficiente, o governo pode lançar mão do Lockdown que é uma ação mais extrema.
Tanto o isolamento social voluntário quanto o involuntário podem trazer sérios prejuízos para os indivíduos e para a sociedade. As pessoas que estão acostumadas a uma rotina de convívio social podem sentir as consequências da interrupção abrupta da interação social.
Pensando estrategicamente:… o isolamento social, apesar de necessário em determinadas circunstâncias, como pandemias e epidemias, tende a causar crises no abastecimento de alimentos, medicamentos e outros insumos necessários à manutenção da vida, além de desencadear sérias crises econômicas. Se muito prolongado, aprofunda o aumentando da desigualdade social, a fome e o desemprego.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra. Começou-se a flexibilizar a quarentena de forma gradual, de repente cogitou-se o lockdown. Venhamos e convenhamos, essa pandemia já dura 6 meses e os governos e a sociedade ainda não entenderam que é preciso haver equilíbrio e moderação, senão a liberdade ainda que tardia poderá não acontecer.
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