Presidente escala sua seleção

Posted on 1 de dezembro de 2018

O ano está chegando ao fim. Este, em especial, será muito significativo para nosso país, já que a virada marcará o fim do governo do atual presidente e o início de um novo governo, composto por novas figuras políticas. É nesta época do ano que começamos a acompanhar as movimentações e negociações políticas entre partidos para a nomeação dos Ministérios.

Os Ministérios são órgãos do poder executivo federal brasileiro. Atualmente, constam na composição do Governo Federal 29 pastas ministeriais, sendo 23 ministérios, duas secretarias e quatro órgãos equivalentes a ministérios. Cada ministério é responsável por uma área específica e é liderado por um ministro, nomeado pelo Presidente da República. Dentre eles, o mais antigo é o da Justiça, mais antigo que a própria República. Os ministros funcionam como braços auxiliares do Presidente no exercício do Poder Executivo.

Trazendo para um plano mais popular no Brasil, o futebol, é como se o Presidente fosse o técnico do time, responsável por dirigir as atividades de uma equipe ou de apenas um único atleta. Desenvolver e coordenar treinamentos, pensar em esquemas táticos diferentes para cada jogo e, principalmente, fazer a convocação das peças para comporem o time são responsabilidades que exigem o conhecimento de táticas e estratégias de jogo e de competição.

Os jogadores, por sua vez, funcionam como os ministros: tendo sempre em mente o esquema tático montado pelo técnico e seguindo suas orientações, os jogadores planejam seus movimentos, seu posicionamento e sua atuação em campo para que, em colaboração com as demais peças, o time planejado pelo técnico consiga entregar o que promete – ou seja, que consiga vencer o jogo.

É necessário ressaltarmos que o “jogo político”, ao contrário de um jogo de futebol, não existe um lado “perdedor” e um “vencedor” – assim que o técnico assume o comando de sua “Seleção”, estamos todos no mesmo barco, torcendo para que ela vença e transforme a nossa Nação em um país melhor. A diferença prática é que, caso o “time escalado” não esteja indo bem em campo, quem perde é o povo brasileiro.

O que podemos tirar de lição é que, atualmente, graças ao aumento do acesso à informação e aos recorrentes fracassos dos governos anteriores, os brasileiros demonstram estarem em dia com as escolhas do próximo presidente para os ministérios. O cenário se desenha da seguinte maneira: enquanto uns já são conhecidos pela população (por bons ou maus motivos), outros ainda possuem uma aura de mistério, já que se tratam de escolhas tomadas levando em consideração “critérios técnicos” – como tem chamado o Presidente eleito.

É difícil olharmos para a situação atual e não relembrarmos os tempos áureos da Seleção Brasileira de Futebol, quando o técnico era escolhido para comandar o “escrete canarinho”. Com ele, entravam em campo com suas críticas e elogios os 200 milhões de técnicos vestindo a camisa da “pátria de chuteira” para também escalar a próxima seleção que iria representar o glorioso esporte bretão. Mesmo com eventuais derrotas, nossa reputação como o país do futebol seguia intacta – até o ano de 2014, quando o Brasil entrou em campo para disputar a semifinal da Copa do Mundo contra a Alemanha e, então, deu o maior vexame de sua história, levando uma goleada épica de 7 a 1 – episódio que ficou conhecido como o Mineiraço. De lá para cá, os brasileiros perderam o interesse pela Seleção Canarinho e a apatia e a indiferença tomaram conta da última Copa.

Pensando estrategicamente,  as atribuições de um ministro estão previstas no artigo 87 da Constituição Federal, que postulam que é sua responsabilidade “exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência e referendar os atos e decretos assinados pelo Presidente da República; expedir instruções para a execução das leis, decretos e regulamentos; apresentar ao Presidente da República relatório anual de sua gestão no Ministério; praticar os atos pertinentes às atribuições que lhe forem outorgadas ou delegadas pelo Presidente da República”. Trata-se, portanto, de serviços públicos e, assim como o Presidente eleito, governadores, deputados e senadores, estes estão sujeitos à fiscalização e cobranças.

A nós, os eleitores, cabe o papel de fiscalizar as ações dessa “seleção de ministros”, mantendo-os “na linha” de suas funções ao longo do exercício delas e fazendo com que sejam cumpridas à risca, sempre pensando na “Seleção” como um todo. Desta forma, evitaremos o esquecimento do ocorrido no fatídico Mineiraço, não permitindo que o mesmo ocorra no Brasil dos próximos quatro anos.


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