Afinal, o que dizem as pesquisas?

Posted on 15 de setembro de 2018

O cenário eleitoral do Brasil se encontra em estado de efervescência: em apenas uma semana, tivemos trocas de farpas nas propagandas eleitorais, candidatos sofrendo atentados em plena campanha, chapas substituindo seus presidenciáveis… acontecimentos que deverão catalisar ainda mais escândalos nas próximas semanas – que nos aproximam cada vez mais do fatídico 7 de outubro.

Em meio ao caos incontrolável desta época do ano, surgem as famosas e controversas pesquisas eleitorais que, em tese, retratam as porcentagens de cada candidato e ajudam a prever possíveis resultados. Mas, afinal, o que são essas pesquisas? Como são realizadas? Até onde podem influenciar os eleitores e afetar o cenário eleitoral?

Para respondermos ou ao menos refletirmos sobre estas perguntas, precisamos ter em mente o que é, de fato, uma pesquisa: essencialmente, uma pesquisa é um estudo aplicado com o intuito de construir conhecimentos acerca de um determinado tema, chegando a novas descobertas, que serão úteis em processos de tomada de decisão. Em relação à metodologia, elas podem ser de caráter individual ou coletivo, utilizando coleta de informações pessoais ou de comunidades inteiras. As pesquisas também podem variar em relação aos objetos, pois podem estudar comportamentos, opiniões, preferências, condições e estilos de vida.

Em suma, as pesquisas servem para coletar dados e eles, por sua vez, servem para gerar informação. Mas, como tudo na vida, é preciso seletividade e senso crítico para absorver e refletir sobre os resultados das pesquisas – afinal, na era transmidiática, somos bombardeados com diferentes informações das mais diversas fontes, e nem todas são críveis e de qualidade.

Vale pontuarmos a diferença entre as pesquisas “básicas” e as pesquisas científicas: quando se faz uma pesquisa, seguimos um processo sistematizado por nós mesmos para a construção do conhecimento. Já a pesquisa científica se desenvolve a partir de uma metodologia própria das ciências (exatas, humanas, biológicas, sociais e aplicadas, etc.), com a finalidade de confirmar ou negar hipóteses lançadas em um estudo sistemático de uma dada realidade. As pesquisas científicas utilizam de métodos e técnicas científicos para a busca de assuntos específicos.

As pesquisas eleitorais, por sua vez, são constituídas por meio das chamadas “pesquisas de opinião”, um levantamento estatístico de uma amostra particular da opinião pública. De maneira geral, elas são feitas para representar as opiniões de uma população, fazendo-se uma série de perguntas a um pequeno número de pessoas e então extrapolando as respostas para um grupo maior dentro do intervalo de confiança.

Não há, no Brasil, uma estabilidade política, graças à falta de lealdade e à defesa de interesses de determinados “nichos” da nossa população. Por estes e outros fatores, a nossa jovem democracia encontra-se ainda impregnada de memórias recentes que retratam um cenário deprimente: Jânio Quadros, eleito por voto direto, renunciou o mandato antes de seu término. João Goulart, que o sucedeu foi deposto pelo congresso, sendo sucedido sequencialmente por cinco presidentes militares – eleitos por voto indireto. Um presidente civil, Tancredo Neves, eleito por voto indireto, que faleceu antes da posse, sendo substituído pelo vice-presidente eleito, José Sarney. Um presidente eleito pelo voto direto após a democratização, Fernando Collor de Mello, que não cumpriu o seu mandato até o final graças ao impedimento pelo Congresso Nacional, sucedido por seu vice Itamar Augusto Cautiero Franco. Um presidente eleito pelo voto direto, Fernando Henrique Cardoso, que cumpriu dois mandatos e foi sucedido por outro presidente eleito pelo voto direto, Lula, que cumpriu dois mandatos e foi sucedido por sua companheira de partido Dilma Rousseff, eleita pelo voto direto e que cumpriu um mandato completo e foi impedida pelo poder legislativo em 2016, durante seu segundo mandato. Atualmente, Michel Temer cumpre o mandato em substituição à presidente eleita. Que história complicada, não? Nosso histórico não é exemplo para um povo que aspira viver em um regime democrático pleno.

Pensando estrategicamente, nossa jovem e conturbada democracia tem sofrido com uma juventude frustrante e que demonstra claramente nossa imaturidade enquanto sociedade organizada. Os brasileiros têm vivido dias de luta, e acreditarmos nas pesquisas eleitorais tem sido um exercício bastante difícil. Um número bastante expressivo dos brasileiros se encontra pessimista em relação à eleição presidencial. Motivos não faltam, e citamos como principais motivadores a corrupção, falta de confiança nos governantes, a falta de opção de candidatos e o sentimento da ausência de proposta para as melhorias sociais em geral.

Os resultados das pesquisas, acima de tudo, servem como referenciais para nossa tomada de decisão na hora do voto, permitindo que olhemos para o nosso passado para que possamos decidir nosso futuro e alcancemos, finalmente, nossa maturidade democrática enquanto Nação.


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